Evento Agentes da Cidadania LGBT teve ampla participação do público 10/07/2015 - 13:20

“Ninguém nasce odiando outra pessoa. Para odiar, as pessoas precisam aprender,
e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar.” (Nelson Mandela)


No dia em que, em uma decisão histórica, a Suprema Corte dos Estados Unidos tornou legal a união entre pessoas do mesmo sexo em todo o país, a Defensoria Pública do Estado do Paraná promoveu o evento "Agentes da Cidadania LGBT - Por Cidadania e Respeito!". Com debates e exibição de documentário, o auditório da DPPR estava lotado.

A primeira a falar foi Andreia Lais Cantelli, representando o Transgrupo Marcela Prado, que trouxe para a discussão a questão de gênero e identidade de gênero. Segundo ela, na identidade de gênero – isto é, se a pessoa se identifica como homem ou como mulher, independente do órgão genital que possui – as pessoas participam de uma performance, ou ato performático, que reproduz estereótipos do que são práticas de “homem” e práticas de “mulher”. O dilema da população LGBT se dá no momento em que a sociedade não permite uma construção diversa por parte do indivíduo, isto é, não permite que alguém biologicamente constituído como “homem” ou como “mulher” se comporte diferentemente do que historicamente foi concebido como sendo o comportamento esperado para a sua condição biológica.

Andreia também debateu a questão nome social x nome civil. Nome social é o nome pelo qual pessoas transexuais e travestis preferem ser chamadas, ao invés do nome do registro civil. Para ela, é preciso avançar na agenda da alteração do nome civil, sendo o nome social um paliativo. Neste momento, defensores públicos manifestaram o apoio da instituição a essa causa, já que alguns casos de modificação no registro civil já foram atendidos pela Defensoria. Os defensores também propuseram que a instituição e o Transgrupo Marcela Prado se articulem com o Centro de Pesquisa e Atendimento para Travestis e Transexuais (CPATT), de Curitiba, para trazer para o Paraná o processo transsexualizador – popularmente conhecido como “mudança de sexo” – realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), como já ocorre nos estados de Goiás, São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Essa pauta já vem sendo estudada pela Defensoria Pública em parceria com a Universidade Federal do Paraná (veja notícia relacionada).

Projeto Agentes da Cidadania LGBT – Antes da exibição do documentário, o ativista dos direitos da população LGBT e fundador do Grupo Dignidade, Toni Reis, reforçou a importância de se discutir o preconceito e a violência contra essa população. Ele lembrou que a perseguição a lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais é cotidiana, mas muitas vezes não ganha projeção na mídia. Para isso foi criado o site “Quem a homotransfobia matou hoje?”, que frequentemente divulga casos de violência e morte contra a população LGBT.

E foi para contribuir com a promoção dos direitos humanos dessa população que o Centro Paranaense da Cidadania (Cepac) – em parceria com o Grupo Dignidade e o Instituto Brasileiro de Diversidade Sexual (IBDSEX) – criou e tem apresentado o projeto “Agentes da Cidadania LGBT”, que conta com financiamento da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. A iniciativa visa a incidir positivamente sobre políticas públicas afirmativas para a população LGBT no município de Curitiba e no Estado do Paraná. O documentário que foi exibido na sequência do evento realizado na DPPR é parte integrante desse projeto, que pode ser acessado no hotsite www.cepac.org.br/agentesdacidadania/

Ao final do encontro, Toni Reis, representando o Grupo Dignidade, entregou à Defensoria Pública 80 kits do projeto, que serão destinados aos defensores públicos.

GALERIA DE IMAGENS