Dados do CNJ reforçam importância da atuação da DPE-PR em unidades socioeducativas 04/02/2025 - 16:56

Imagem horizontal colorida em que se vê um jovem interno na biblioteca de Centro de Socioeducação.
Dos 28 unidades socioeducativas, apenas 18 tem salas de aula adequadas para os internos. Daniel Caron/DPE/PR

Atualmente, no Paraná, a taxa de ocupação das unidades de socioeducação é de 54%. Ao todo, quase 500 adolescentes cumprem medidas em Centros de Socioeducação (CENSE) e Casas de Semiliberdade. É o que apontam dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), disponíveis no novo Painel de Inspeções no Socioeducativo, atualizado a cada dois meses. Confira aqui.

Para garantir assistência jurídica e psicossocial às centenas de jovens internados e internadas, todas as unidades do estado recebem inspeções da Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR) anualmente.

A atuação na área de Infância e Juventude Infracional envolve tanto equipes responsáveis pelo atendimento individual quanto o Núcleo da Infância e Juventude (NUDIJ), especializado em demandas coletivas. Nas unidades localizadas onde não há uma estrutura física da DPE-PR, a equipe do NUDIJ é que realiza visitas às unidades.

É o caso dos municípios de Toledo, Laranjeiras do Sul, Santo Antônio da Platina e Fazenda Rio Grande. Já em Piraquara, além da atividade de inspeção, o núcleo realiza defesa individual dos direitos dos adolescentes.

“Individualmente, atuamos fazendo a defesa do jovem, acompanhando e explicando os passos da medida, enquanto que coletivamente nós buscamos garantir e verificar os serviços prestados pelos CENSEs”, afirma Fernando Redede, coordenador do NUDIJ. O Sistema Socioeducativo é uma política pública destinada a jovens que praticaram atos infracionais, prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Como a DPE-PR realiza as inspeções

Diferentemente das inspeções prisionais, as visitas às unidades socioeducativas visam, além de verificar as condições estruturais, garantir que o Plano Individual de Atendimento (PIA) seja cumprido.

O Centro de Socioeducação de Fazenda Rio Grande, região metropolitana de Curitiba, recebeu o NUDIJ em dezembro para a última inspeção realizada em 2024. Na ocasião, foram colhidos depoimentos sobre dificuldades de acesso aos serviços de saúde na região, necessidade de revisão do processo de parte dos adolescentes e de melhorias estruturais na unidade. Nesse caso e nas demais inspeções, a Defensoria Pública produz, após a visita, um relatório que fundamentará pedidos extrajudiciais e judiciais, individuais ou coletivos, que atendam às necessidades observadas.

Esse procedimento, regulamentado na DPE-PR pela Deliberação CSDP n° 12/2022, pode ser realizado sem aviso prévio à diretoria e à equipe da unidade. A inspeção é dividida em quatro etapas: diálogo com a diretoria do centro; levantamento de informações com a equipe técnica; vistoria das dependências do centro; e entrevista com adolescentes escolhidos aleatoriamente. 

A equipe da DPE-PR analisa o perfil geral do público interno. A instituição leva em consideração aspectos como idade e proximidade da cidade natal, por exemplo. Além disso, constam na análise aspectos que influenciam no cumprimento do PIA. Dentre eles, atendimento psicológico, acesso à saúde, contato com a família e disponibilização de aulas e cursos profissionalizantes.

Avaliação

Das 28 unidades socioeducativas no estado, 18 delas possuem sala de aula. Ao todo, os adolescentes frequentam as aulas, em média, 16 horas por semana, ainda conforme o Conselho Nacional de Justiça. “A educação para a socioeducação é fundamental para que o adolescente possa superar aquela situação que o levou a praticar o ato infracional. É necessário que esse trabalho seja especializado de acordo com o perfil de jovens mais vulneráveis e adolescentes que, muitas vezes, não frequentavam a escola”, pontua Redede.

A psicóloga do NUDIJ, Lethicia Gaidarji, reforça que as inspeções permitem uma aproximação entre a DPE-PR e as equipes que atuam nas unidades, bem como contribuem na identificação de possíveis violações de direitos. 

“O painel mostra que o número de jovens em tratamento de saúde mental também é bastante alto, assim como o dos que têm problemas decorrentes do uso abusivo de álcool e outras drogas e dos que utilizam medicação controlada. Além da garantia do acesso à saúde para esses e essas adolescentes e jovens, que é essencial, é importante ter um olhar para a realidade deles e delas de maneira integral”, aponta Gaidarji.

Saiba mais sobre o trabalho da Defensoria na defesa de adolescentes em conflito com a lei. 

 

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