Tráfico humano: Do sonho ao pesadelo 30/07/2021 - 12:18

Na internet, um anúncio de trabalho chamou a atenção. Um pedido de casamento que pode mudar a vida das mulheres. A oferta de um emprego fora do comum. Ou, impossível perder a chance de seguir a carreira de modelo, bem como uma profissão de sucesso no futebol. É assim que muitas vezes o crime começa: com a promessa de um sonho. Para realizá-lo, a busca faz com que muitas pessoas apostem tudo o que têm, fazendo com que as vítimas percebam que foram alvo de crime somente quando o sonho vira pesadelo.

Há uma dificuldade em perceber a prática do crime, pois os aliciadores são, geralmente, indivíduos que apresentam um bom nível social e amigável, dispõem de boa comunicação, sinceridade e têm alto poder de convencimento. Alguns se passam por verdadeiros empresários que trabalham honestamente ou dizem ser proprietários. Neste caso, a abordagem se modifica a depender da situação da vítima, gerando nela a esperança de um futuro melhor.

Em entrevista concedida ao Governo do Paraná - Secretaria da Justiça, Família e Trabalho, uma jovem curitibana de 22 anos, comenta a respeito de sua experiência ao receber certa proposta de qualidade para fazer programas na Europa. “O fator principal para cair neste golpe foi o valor bem alto que me ofereceram, isso me deixou muito interessada. Continuei o contato com a pessoa e tempos depois eu já estava completamente dominada pela aliciadora. Acabei aceitando a oferta”.

Percebe-se que, com discurso de vida fácil e sucesso certo, quadrilhas especializadas destroem a vida de inúmeros cidadãos. Infelizmente, a vítima compreende que caiu em um golpe de tráfico tarde demais, ao chegar no exterior ou mesmo em outro estado, onde não pode ter contato com seus parentes e amigos. Por outro lado, segundo relatório global sobre tráfico de pessoas, lançado em Viena no ano de 2018, foram detectadas e denunciadas em 148 países aproximadamente 50 mil vítimas.
Segundo a ONU News, o sexo feminino continua sendo o alvo principal. Quase metade das vítimas identificadas em nível global eram mulheres adultas, 20% meninas e em mais da metade dos casos o crime é cometido para fins de exploração sexual, enquanto homens e meninos foram mais envolvidos no trabalho forçado. Ainda de acordo com a ONU, nos últimos 15 anos o número de crianças vítimas de tráfico triplicou. Esse grupo está exposto também a casamentos forçados, remoção de órgãos, servidão doméstica, adoção ilegal, trabalho escravo e servidão por dívida.
O tráfico de pessoas é crime e reflete uma grave violação dos direitos humanos. Os caminhos para combater essa crueldade exige: debates, formas de repressão a essa prática, esforços do poder público, informação para que eventuais vítimas notem que estão sendo alvo e a atenção de pessoas próximas que, ao suspeitarem desse tipo de situação, acionem as autoridades. Por isso, a Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR) trabalha para prevenir, suprimir e punir o Tráfico de Pessoas.

Nesta sexta-feira (30), Dia Mundial Contra o Tráfico de Pessoas, a instituição reforça a importância de conscientizar a sociedade e incentivar a denúncia como forma de salvar vidas a esse tipo de crime. Em caso de Tráfico de Pessoas, denuncie!  Ligue 180 ou Disque 100.

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