Quem tem medo do Exame de Ordem? 04/08/2017 - 18:20

No início de julho, estudantes e bacharéis em Direito de todo o país receberam com expectativa o resultado do teste mais aguardado no ano para quem deseja atuar profissionalmente na esfera jurídica: o do XXII Exame de Ordem. A chamada "prova da OAB" – composta por duas fases, uma objetiva e outra dissertativa – é obrigatória para quem quer se tornar advogado.

Justamente por ser decisivo, o exame é tão aguardado quanto temido pelos futuros profissionais. Mas para muitos estagiários da Defensoria Pública do Paraná a prova não pareceu tão assustadora assim. Afinal, durante as atividades diárias na instituição, eles desenvolvem tarefas que servem de aprendizado para as mais diversas práticas jurídicas. Uma vantagem considerável em se tratando de uma prova tão difícil e concorrida, que cobra, entre outras coisas, respostas por escrito e a confecção de uma peça processual.

Foi o que aconteceu com os estagiários – e recém aprovados no XXII Exame de Ordem – Emannuel Luiz Batista, da sede da DPPR em Cornélio Procópio, Beatriz Gementes Martins, de Umuarama, e Natália Fernandes e Murilo Garbin, de Curitiba. Emannuel, por exemplo, iniciou o estágio em janeiro deste ano. Hoje, ele atua em todas as áreas dentro da Defensoria em Cornélio, elaborando peças processuais e atendimento jurídico. O rapaz pretende atuar como advogado para futuramente prestar concurso público. “No dia a dia na Defensoria temos contato com diferentes matérias, tanto de Direito Material quanto Processual. O exame busca avaliar se o candidato tem o conhecimento mínimo necessário para a atuação profissional. Então, vivenciar esse trabalho na DPPR, com a supervisão e orientação da defensora Mariela Marins Tozetto e do defensor Lucas Molina, foi essencial para o meu desempenho positivo na prova”, comenta. Segundo Emannuel, todos os dias se aprende alguma coisa, tanto em questões do Direito quanto na empatia com os assistidos.

Beatriz, por sua vez, estagia na Defensoria em Umuarama há aproximadamente 1 ano, atendendo ao público e elaborando petições. Ela conta como o estágio a ajudou na resolução de algumas questões. “Escolhi Direito Penal como área da prova prática do exame da OAB. Como trabalhamos com a infância cível e infracional, tive de me aproximar mais do Estatuto da Criança e do Adolescente, matéria cobrada no Exame, e o estágio me ajudou a ter uma melhor compreensão sobre o assunto”, ressalta. Além disso, as lições para a vida aprendidas no trato com o público também são preciosas, segundo a futura advogada. “Precisamos nos colocar no lugar do próximo, saber ouvir o que o outro tem a falar. Nos atendimentos diários realizados na Defensoria, muitas vezes a pessoa não vem procurar orientação jurídica, mas sim para ser ouvida, contar a sua história e explicar o porquê precisa daquela pretensão”, revela.

Escola
Já Natália e Murilo fazem o atendimento ao público, produzem peças processuais em diversas áreas e ainda estagiam na Escola da Defensoria Pública do Estado do Paraná (EDEPAR), órgão auxiliar da Defensoria responsável, entre outras coisas, pelo aprimoramento técnico dos membros, servidores e estagiários da DPPR. Natália, que prestou exame na área de Direto Civil, começou a atuar na Defensoria em 2013, como voluntária, se ausentou por 2 anos, mas acabou voltando na vaga de estagiária. “Facilitou muito na prova, pois com a realização de peças e o atendimento nas diversas áreas que a Defensoria presta auxílio, pude adquirir muito conhecimento”, afirma. Murilo, que está há 1 ano no estágio, também prestou exame para Direito Civil. Ele pretende advogar no setor privado. “Na Defensoria, o estagiário é mais autônomo, pois há muita demanda. Portanto, o estagiário tende a ser mais proativo. Isso é muito bom, pois assim consegui aprender mais aqui”, observa. Ele já estagiou em outros órgãos públicos e acredita que na DPPR, por conta dessa dinâmica, o aprendizado é maior. 

Para a defensora pública e diretora da EDEPAR, Flavia Palazzi, os estagiários de Direito são essenciais para o bom funcionamento da Defensoria Pública. “Eles desenvolvem não só o trabalho jurídico, com a supervisão e acompanhamento do defensor público, mas também realizam o atendimento à população, o que certamente contribui para a formação pessoal deles. A Defensoria Pública não teria o mesmo alcance quantitativo sem a contribuição dos estagiários, que desempenham fundamental papel para o fortalecimento da instituição e garantia do acesso à Justiça”, conclui.

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