Sim, pode ser apenas ficção... mas não custa explicar como ocorre na vida real, né? Até porque as novelas são produtos culturais que ajudam a reproduzir visões de mundo. E a visão da Defensoria Pública que muitos e muitas podem não conhecer é outra! Antes, vamos contextualizar:

Na data de ontem, 21/12, a novela “Quanto mais vida, melhor”, da TV Globo, exibiu uma conversa entre dois personagens em situação de privação de liberdade, em que um afirma:

- Se eu tivesse grana não estaria na mão da Defensoria Pública, já arrumaria um advogado esperto para sair daqui.

Caso a novela tenha dado a entender que é ruim "estar na mão" da DP, é importante ressaltar que nós prestamos um serviço essencial e de qualidade às pessoas privadas de liberdade, tanto na fase em que ainda estão, como comumente se diz, "respondendo a um processo", quanto na fase em que já possuem uma sentença condenatória.

Em ambas as esferas, a DP trabalha para garantir que tudo ocorra dentro do que a lei estritamente determina, combatendo a tortura, a superlotação carcerária, as revistas vexatórias, as prisões ilegais e as violações de direitos como um todo - além de acolher familiares de quem está preso(a), atuar para que haja efetiva reintegração de quem cumpriu pena à sociedade, e promover ações e discussões que evitem o aprisionamento e promovam a cidadania, a justiça social e a equidade de oportunidades.

A DP respeita e tem profunda admiração pela advocacia - importante ressaltar que as carreiras são distintas e igualmente importantes para a democracia-, no entanto, quem não pode arcar com os custos de um(a) advogado(a) estará em boas mãos caso um(a) defensor(a) seja habilitado(a) para atuar no seu caso.

Além disso, promover o acesso gratuito à justiça na esfera criminal e da execução penal é uma das atribuições da DP - há outras, já que ela também atua de forma coletiva para a melhoria das condições de quem está privado(a) de liberdade, portanto, em favor até mesmo de quem possui defesa privada! Para além da ficção, a DP, ano após ano, ajuda milhões de pessoas, presas ou egressas do sistema prisional, e também com demandas em outras áreas, a serem protagonistas de sua própria História.