Desde 2017 o slogan “Não É Não” estampa campanhas do Carnaval brasileiro alertando e evitando casos de assédio. Em 2020, a frase será repetida em 15 estados, com a adesão pela primeira vez de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Piauí, Paraíba e Espirito Santo.
No Paraná, esta será a segunda edição da campanha, e a Defensoria Pública do Estado, por meio do Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (NUDEM), abraça o movimento lançando em seu Instagram (@nudem.pr) mensagens de alerta e conscientização.
As frases, que remetem à vontade própria de cada mulher, foram formadas com a utilização de duas gírias tipicamente regionais: “Piá e Guria”, fortalecendo a identidade do Estado. Citações como “Folião, folião, o corpo da mulher só se toca com permissão! Se a guria disse não, é não!” e “Recebeu um não, piá? Volte a sambar que o carnaval não pode parar” serão publicadas diariamente no perfil do Núcleo, sempre lembrando que a base de qualquer diversão deve ser o respeito. 
A coordenadora do NUDEM, dra. Lívia Brodbeck, ressalta que o assédio e a discriminação de gênero são violações que as mulheres sofrem diariamente, mas durante o carnaval identifica-se que os índices de assédio, importunação e demais formas de violência têm grande aumento. “Estamos fazendo a campanha #carnavalsemassédio para conscientizar a população e deixar claro que a fantasia, a bebida, o clima de festa, não são convites, e todos os limites impostos pelas mulheres devem ser respeitados. Somamo-nos aos movimentos feministas e às instituições para dar visibilidade a essa luta, que é essencial para a emancipação feminina”, explica ela.
Para o defensor público-geral do Estado, dr. Eduardo Abraão, a Instituição tem o dever de garantir a integridade de todos os cidadãos, e o assédio é um comportamento que fere a dignidade de qualquer pessoa. Ele lembra que a campanha ganha destaque nesta época do ano, mas é preciso que ela seja feita permanentemente. "A campanha é importante para reforçar a necessidade de se respeitar a decisão das mulheres quando desejam não serem incomodadas, e não apenas durante o carnaval. Claro que, durante o carnaval, a tendência é que o assédio aumente e, por isso, neste período a campanha deve ser intensificada, mas o "não é não" vale para todos os dias e momentos da vida", reforça.
É importante lembrar que desde 2019 o Carnaval já conta com a Lei de Importunação Sexual (13.718/18), que torna crime a prática de atos libidinosos – de cunho sexual, com toques inapropriados ou encoxadas – sem consentimento da vítima. A pena é de um a cinco anos de prisão e essa é mais uma alternativa para proteger as mulheres, especialmente neste período de festas carnavalescas.
A campanha do NUDEM também poderá ser acompanhada diretamente nas redes sociais da Defensoria Pública do Estado do Paraná, pelo Instagram (@defensoriapublicapr), Facebook (@DefensoriaPublicaPR) e Twitter (@DefensoriaPR).

#CarnavalSemAssédio
Uma pesquisa realizada em 2019 pelos institutos Patricia Galvão e Locomotiva, com 1.081 mulheres, revelou que 97% das entrevistadas já foram assediadas em transporte público. 71% conhecem alguma mulher que já sofreu assédio em público.
Um levantamento feito com base nos dados da Central de Atendimento à Mulher, do Governo Federal, mostrou que os casos de violência sexual aumentam 88% no carnaval.

COMO DENUNCIAR
Caso presencie ou passe por alguma situação de assédio, além de buscar as autoridades presentes no local ou ir à delegacia, você também pode ligar para a Central de Atendimento à Mulher (180), o canal está preparado para atender e orientar vítimas de assédio e violência.