Iniciativa leva educação em direitos a 600 crianças em Cianorte 24/11/2016 - 11:20

A Defensoria Pública do Paraná em Cianorte, no noroeste do estado, está comemorando a conclusão da primeira etapa do projeto Educação em Direitos na Escola, que, como sugere o nome, trabalha essa temática dentro das salas de aula. O foco são alunos com idades entre 7 e 9 anos que cursam o 3º ano do ensino fundamental. Ao longo do segundo semestre de 2016, cerca de 600 crianças, de 13 escolas municipais da cidade, foram impactadas pela iniciativa.

A partir dos conteúdos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o projeto estimula debates e o aprendizado da cidadania desde cedo. Em encontros de aproximadamente duas horas com os alunos, a equipe de Psicologia e Serviço Social da Defensoria Pública utiliza uma metodologia que envolve histórias em quadrinhos e dinâmicas de grupo. “As crianças recebem, durante o projeto, informações diversas – sobre o trabalho da Defensoria, sobre direitos e deveres das crianças. Discussões essas que permitem que elas reflitam sobre aspectos mais específicos, como suas atitudes, seus comportamentos, suas relações interpessoais, a realidade familiar, o respeito mútuo. Ou seja, o que buscamos é implementar um diálogo com as crianças de modo mais próximo possível da realidade vivencial delas”, explica a psicóloga Aline Hoepers.

De acordo com ela, a idade média de 8 anos dos participantes não foi uma escolha ao acaso. É nessa fase que a criança está mais aberta ao aprendizado. “Os elementos positivos de se trabalhar com essa faixa etária referem-se justamente ao fato de ser um momento do desenvolvimento dessas crianças, em que elas possuem maior abertura para internalizar orientações, regras e normas. E como nós discorremos sobre os direitos e deveres delas, acreditamos ser de grande relevância e impacto discussões como essa, ainda mais num contexto escolar”, pondera.

Participação
A Escola Municipal Lidia Usuy Ohi foi uma das 13 escolas que foram placo das palestras sobre direitos e deveres das crianças. A intervenção foi realizada com três turmas do 3° ano do ensino fundamental, que possuem cerca de 75 alunos entre 7 e 9 anos de idade. Durante os encontros, os estudantes também participam fazendo perguntas e contando sobre suas vivências. 

A diretora, Rosilda Naves Lucio, avaliou como positiva a experiência. Segundo ela, as crianças acabam valorizando os ensinamentos e a participação de profissionais de fora do ambiente escolar por ser algo diferente para eles. “Depois disso, a professora desenvolveu atividades referentes à palestra, deu continuidade, levou documentos à sala de aula”, conta. Para o ano que vem, Rosilda espera poder estender a atividade para os demais estudantes, já que o colégio atende até o 5º ano.

“A gente tem que ensinar às crianças, desde pequenas, que não temos o direito de viver em sociedade, mas que precisamos respeitar os limites. O meu direito acaba quando começa o do outro. E isso a gente já trabalha aqui desde a educação infantil. Quando vem alguém de fora, isso acaba sendo reforçado. Como escola, usamos mais a parte pedagógica, enquanto o palestrante usa uma linguagem diferente. E isso acrescenta também para eles [estudantes] terem parâmetros de que não é apenas a escola que fala aquilo, mas sim a sociedade. A experiência é boa e eles dão valor, porque se sentem privilegiados”, observa a diretora.

Para a psicóloga Aline Hoepers, o ideal é que as atividades do projeto sejam intensificadas, com mais contatos com os estudantes. “Nós desejamos que aquelas discussões gerem um efeito real na vida das crianças, que as sensibilizem de fato para pensarem no seu cotidiano, nos seus comportamentos. E para atingir tal complexidade, seria interessante que tivéssemos mais de uma intervenção com cada turma”, avalia.

O objetivo é que as crianças levem os temas discutidos para a sua realidade, no ambiente social e familiar. E para que a ideia continue repercutindo nas atividades escolares, uma cartilha e uma cópia do ECA são disponibilizadas pela Defensoria para os professores e diretores, que dão seguimento aos debates com os estudantes.

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