Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha é comemorado neste domingo 25/07/2021 - 10:00

O Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha é celebrado no dia 25/7 desde 1992. Nesta data, um grupo de mulheres negras oriundas dos países da América Latina reuniu-se em Santo Domingos, na República Dominicana, para a realização do primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas.
No encontro em 1992 foi levantado alguns problemas que afetam a todas as mulheres em geral, como machismo, formação educacional e profissional, maternidade. Porém, também trataram de questões específicas, como o racismo, preconceito e a situação de inferioridade que se encontram em relação às mulheres brancas.
A importância da celebração deste dia é de trazer visibilidade à luta das mulheres negras contra a opressão de gênero, a exploração e o racismo. Para a defensora e coordenadora do Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (NUDEM), Lívia Salomão Brodbeck, a América Latina e Caribe compartilham uma história semelhante de exploração e opressão dos povos escravizados. “Os impactos da escravidão e do colonialismo perduram até os dias atuais, atingindo mulheres negras de forma mais intensa, tendo em vista que são duplamente discriminadas em uma sociedade atravessada pelo racismo e machismo estruturais”, explica Lívia.
A defensora traz também alguns dados que mostram a importância de ter um dia específico de luta para essas mulheres. "Mulheres negras recebem menos da metade dos salários dos homens brancos (44,4%), que ocupam o topo da escala de remuneração no país. Também encontram-se concentradas nos piores postos de trabalho, recebendo os menores rendimentos, sofrendo com as relações informais de trabalho. Além disso, hoje, 2 em cada 3 vítimas de feminicídio são negras; enquanto o homicídio de mulheres brancas caiu 11,7% entre 2008 e 2018, a taxa de homicídio entre mulheres negras aumentou 12.4%”.
A reflexão que fica para esse dia, segundo a coordenadora, é de entender que a visibilidade das mulheres negras latinas e caribenhas é especialmente importante nesse contexto de agravamento das desigualdades sociais e de crise sanitária. “Estamos vivendo uma pandemia mundial que, só no Brasil, vitimou mais de 500 mil pessoas. No entanto, sabemos que os impactos da pandemia não são os mesmos para toda a população. Devido às desigualdades estruturais, mulheres negras foram especialmente atingidas, seja pela falta de políticas públicas e menor acesso a serviços básicos, seja pelo desemprego e diminuição da renda familiar”.
Na Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR), o NUDEM busca atuar de maneira intensa para garantir os direitos das mulheres, seja através de atuação extrajudicial ou judicial, em especial em demandas coletivas ou de repercussão coletiva.
Entrando no contexto da data comemorativa de hoje, a dra Lívia comenta sobre as ações do NUDEM no trabalho realizado para diminuir a desigualdade racial. "Entendemos que é impossível falar em luta por direitos das mulheres sem compreender que a violência de gênero se intersecciona com outras desigualdades, como classe e raça”. Segundo ela, o NUDEM, ao atuar levando em conta as diferenças no acesso a direitos por mulheres brancas e negras, busca contribuir para a diminuição dessas desigualdades, seja proporcionando um atendimento às mulheres que contemple não apenas um viés de gênero, mas também de classe e étnico-racial.