Dia Internacional das Mulheres e Meninas nas Ciências: entrevista com a supervisora do Departamento de Informática da DPE-PR, Danieli Dyba Amorim 09/02/2023 - 15:50

Diversas pesquisas apontam que a vida das mulheres no mercado de trabalho não é fácil. Assédios, invisibilidade, desrespeito e salários menores do que o de homens que ocupam os mesmos cargos são apenas alguns dos problemas. Mas existe outro, que o Dia Internacional das Mulheres e Meninas nas Ciências, celebrado neste 11 de fevereiro, quer discutir: a baixa representatividade de mulheres e meninas nas ciências, especialmente em áreas como tecnologia, matemática e engenharia, ainda muito associadas ao mundo masculino.
“Eu participei de um processo seletivo de uma grande multinacional e, ao final do processo, fiquei classificada em primeiro lugar, entretanto, não fui chamada para a vaga. Anos depois, o chefe da T.I. [Tecnologia da Informação] dessa multinacional admitiu que eu não havia sido chamada para a vaga por ser mulher e que, até então, só havia homens em sua equipe”.
O relato é da supervisora do Departamento de Informática da Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR), Danieli Dyba Amorim, com quem conversamos sobre os desafios vividos por mulheres nessa área. Ela é natural de Porto União (SC), bacharel em Tecnologia da Informação/Sistemas da Informação pela Universidade do Contestado e especialista em Segurança de Redes de Computadores e Banco de Dados pela mesma instituição. Com mais de 20 anos de experiência na área, ela nos contou como escolheu a carreira e quais são os desafios de uma mulher cientista. Confira!
Quando e por que você escolheu essa carreira?
Danieli Dyba Amorim: Desde muito nova sempre gostei da área de Informática. Com quinze anos eu já trabalhava na área administrativa de uma empresa em Santa Catarina, quando surgiu a necessidade por parte da empresa de ter alguém responsável pelo suporte de T.I. e acabou que fui voluntária. Então decidi cursar uma faculdade de Sistemas da Informação.
Como foi a sua experiência na faculdade e no mercado de trabalho? E como é trabalhar na área de T.I. na Defensoria?
Danieli Dyba Amorim: Durante a época da faculdade tive que estudar e trabalhar para conseguir pagar os estudos. Além disso, eu era uma das poucas mulheres que cursava Informática.
Em relação ao mercado de trabalho, sempre tive que me dedicar muito para compensar a desconfiança que existia pelo fato de ser uma mulher na área de T.I. Já passei por diferentes experiências profissionais, desde empresas privadas passando pelas Forças Armadas, como Oficial técnica temporária no Exército, e desde 2019 atuo como analista na Defensoria Pública.
Trabalhar na T.I. da DPE é desafiador, pois, como a instituição é relativamente jovem quando comparada a outras, existem muitos projetos a serem trabalhados simultaneamente. É como montar um avião em pleno voo. Porém, há bastante compreensão e apoio por parte de todos os integrantes da Defensoria.
Para você, quais são os principais desafios de uma mulher cientista em nossa sociedade, e como podemos superá-los?
Danieli Dyba Amorim: As áreas das ciências exatas ainda estão em processo de mudança para uma maior participação das mulheres. Dessa forma, assim como em todas as áreas, a integração e as diferentes formas de ver a vida são fundamentais para o crescimento da sociedade. Assim sendo, acredito que a melhor forma de superar esses desafios é através da competência e do trabalho com foco no resultado, pois com o tempo o impacto desse esforço irá refletir na mudança.