Defensoria ouve demandas de faxinalenses da região metropolitana de Curitiba 19/07/2017 - 17:20

O Núcleo da Cidadania e Direitos Humanos (NUCIDH) da Defensoria Pública do Paraná visitou na última segunda-feira (17) algumas comunidades de faxinalenses dos municípios de Quitandinha e Mandirituba, na região metropolitana de Curitiba. O objetivo foi conhecer melhor os costumes e entender as demandas desses povos tradicionais do Paraná. Os faxinais são uma espécie de comunidade com um sistema alternativo de produção, em que os moradores possuem bens, animais e plantações, por exemplo, mas a terra em que vivem é de uso coletivo. 

Segundo lideranças do movimento, existem hoje cerca de 240 comunidades faxinalenses no estado. Eles lutam, entre outras coisas, para que o poder público e proprietários de terras no entorno dessas áreas reconheçam e respeitem seus territórios e tradições. Além dos faxinalenses da região de Curitiba, a Defensoria conversou no local com representantes de outras cidades do Paraná, como Turvo, Guarapuava e São Mateus do Sul, que também estavam por ali.

“É importante a preservação dessas comunidades porque elas têm um modo de fazer e viver bastante peculiar, além de proteger a diversidade da nossa cultura. É interessante porque a comunidade faxinalense tem essa peculiaridade de uso comum da área para a criação de animais e o senso comunitário de colheita, de construção de suas casas, e isso precisa ser preservado. Eles estão, muitas vezes, lutando contra o agronegócio, contra as empresas frigoríficas e chacareiros que compram propriedades nas áreas dos faxinais e que não querem respeitar os acordos coletivos que essas comunidades têm”, explica a defensora pública coordenadora do NUCIDH, Camille Vieira da Costa, que visitou as comunidades acompanhada da pesquisadora da PUCPR e UFPR Flávia Domini Rossito e da estagiária Valéria Fiori. 

Entre as principais demandas desses povos tradicionais está a criação, por parte do Estado, de mais Áreas Especiais de Uso Regulamentado (ARESURs), onde as comunidades faxinalenses podem viver e produzir, conciliando atividades agropastoris com a conservação ambiental e do seu patrimônio cultural. Atualmente, existem 27 ARESURs no Paraná.

Os faxinalenses também reclamam das constantes violações das suas terras através de alterações feitas por terceiros nos chamados mata-burros, que são uma espécie de estrutura para impedir que os animais que vivem nos faxinais escapem do território. Elas também servem para delimitar as propriedades.

 

Texto atualizado em 19/07/2017 às 17h34.

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