No início, a timidez, o receio, o rosto confuso. “É aqui que fica a Defensoria Pública?”. E assim, com essa singela pergunta, iniciou-se a maioria dos 45 atendimentos realizados hoje pela Defensoria Pública do Estado do Paraná na Feira da Cidadania. 

O evento, realizado no estacionamento do Santuário do Carmo, no bairro Boqueirão, em formato de mutirão, reuniu órgãos públicos e entidades privadas com o objetivo de resolver de forma simples e rápida as demandas cotidianas da população. 

Em busca de vagas de emprego e de aprendizes até a confecção de CPF, orientações a pessoas com deficiência e a mulheres em situação de violência, atendimento ao cliente da COPEL e muitos outros serviços, muita gente passou pelo amplo espaço durante a manhã e a tarde de hoje (26/11).

No espaço da DPE-PR, 45 pessoas retiraram seus documentos da bolsa, pasta ou mochila e passaram a contar suas histórias - da avó que deseja ter o direito de visitar a neta até uma senhora expulsa da casa do falecido marido e que saiu dali com ofícios direcionados ao banco (para poder receber a pensão como viúva) e à URBS (para obter a isenção no transporte público como mulher com deficiência) - a DPE-PR também irá propor uma conciliação entre a usuária e a família do falecido marido, para que assim ela tenha o direito de obter a parte que lhe cabe dos bens por ele deixados. 

Também estiveram ali um homem acusado de um crime e demitido por “justa causa” sem que lhe informassem quem o acusou, e qual foi a conduta imputada; uma pessoa com deficiência que hoje mora em um abrigo e não recebe qualquer auxílio estatal para sobreviver; e um pintor industrial aposentado que, após terminar de pagar um empréstimo, foi levado pelo banco a assinar outro, o que o levou a sofrer descontos mensais na aposentadoria que hoje chegam a R$ 95, causando-lhe uma depressão. 

Durante quase todo o tempo, as duas cadeiras brancas destinadas às(aos) usuárias(os) estiveram ocupadas por quem buscava a justiça gratuita e a solução de muitas angústias. Foram recepcionadas pelo defensor público Matheus Cavalcanti Munhoz, coordenador da Assessoria de Projetos Especiais da DPE-PR; pelos Assessores Jurídicos Bruna Figueredo Abdalla e Luis Roberto Feltran; e pela estagiária de Pós-Graduação em Direito Isabella Berthier Garcia.

“Foram 45 pessoas que tiveram suas histórias e angústias escutadas com a atenção que merecem. Serão 45 pessoas pelas quais não mediremos esforços para resolver seus problemas. 
É muito gratificante esse movimento de levar a Defensoria àqueles e aquelas que dela necessitam, e não aguardar que as pessoas busquem a instituição. Esse é o intuito do projeto de descentralização do nosso primeiro atendimento”, explica o defensor público Matheus Cavalcanti Munhoz, que hoje coordena a sala de atendimento da DPE-PR na Assembleia Legislativa do Estado. É para lá que os atendimentos serão direcionados, como no caso daqueles que necessitem de conciliação ou um novo atendimento, a depender da complexidade da situação.

O defensor público explica que o objetivo é, sempre que possível, resolver os casos por meio de diálogo com outros órgãos, por meio de ofícios ou até mesmo ligações para as pessoas envolvidas. “Tivemos casos emblemáticos e de diversas áreas, que partiram do Direito de Família, os quais tentaremos resolver por meio de conciliação nos próximos dias, e outros que percorreram direitos básicos de cidadania, como a isenção de tarifa de transporte para pessoa com deficiência, saque de FGTS do falecido marido, empréstimo consignado em aposentadoria sem a prévia concordância e outros casos que atingem a população hipossuficiente diariamente, e que tomaremos providências na tentativa de resolver tudo administrativamente. Sem dúvida alguma, o saldo hoje é muito positivo, e a Defensoria encerra a semana ainda mais próxima do cidadão e da cidadã paranaense”.