DPE-PR conclui projeto “Prosseguir” em Ponta Grossa
05/08/2021 - 18:00

Na última semana de julho, a sede da  Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR) em Ponta Grossa, por meio do Centro de Atendimento Multidisciplinar (CAM), concluiu o projeto “Prosseguir” com os detentos da Penitenciária Estadual de Ponta Grossa – Unidade de Progressão. A iniciativa teve como objetivo dar espaço para que os participantes falassem e refletissem.

O público-alvo da ação foram os presos com histórico de uso/abuso de substâncias psicoativas que demonstraram interesse de forma voluntária para participar do projeto. Ao todo foram realizados 10 encontros com início em março deste ano. As reuniões aconteceram de forma virtual através de uma plataforma de videoconferência disponibilizada pelo Departamento Penitenciário (DEPEN).

O projeto foi executado pela assistente social, Ana Letícia de França e pela psicóloga Patrícia  Regina Olbermann Duda. Os assuntos abordados nos encontros foram: Vantagens e desvantagens do uso de drogas; Identificação das situações de risco para o uso de drogas; Identificação dos gatilhos emocionais para o uso de drogas; Identificação das habilidades para lidar com situações de risco; Estratégias de enfrentamento para as situações de risco; Aprendendo a lidar com a ansiedade; Identificação, resgate e/ou formação da rede de apoio.

De acordo com a assistente social, Ana Letícia de França, a partir do atendimento realizado ao longo dos últimos anos pela Defensoria Pública com a população carcerária foi possível observar a repetição de casos de reincidência criminal ou violação de benefícios e progressões de regime motivados, em muitos casos, pelo uso excessivo de álcool e drogas. “É notório o alto número de casos na população carcerária brasileira que possuem histórico de uso/abuso de substâncias psicoativas, e a necessidade de que espaços para diálogo, troca de experiências e reflexão sobre o assunto sejam disponibilizados”.

“A importância do projeto está em oferecer um espaço de escuta qualificada e reflexão para que os presos possam falar sobre suas reais dificuldades no enfrentamento da dependência química, sem ser julgados pelas recaídas. Para eles, representa poder falar sobre uma temática que costumeiramente é tratada com preconceito, como se a permanência na dependência química fosse simplesmente uma escolha. Dependentes químicos são rotineiramente rotulados e julgados, mas dificilmente acolhidos e instrumentalizados para o enfrentamento da doença. Ter um espaço que reconhece que eles possuem vulnerabilidades como qualquer outra pessoa, e que podem construir meios para superá-las, é muito significativo. Além disso, é essencial instrumentalizá-los para os momentos de maior dificuldade em relação a esse processo, apresentando técnicas e estratégias para lidar com as suas maiores vulnerabilidades em relação ao uso de drogas e desta forma, prevenir uma possível recaída”, diz ela.

 A assistente social conta como os detentos receberam o projeto. “Conforme verbalizado pelos próprios participantes, o espaço foi muito importante pois eles puderam refletir sobre sua história de vida, sobre sua trajetória em relação ao uso de drogas, como sua dependência química impactou não só a própria vida, mas também de seus familiares e em alguns casos observaram a relação direta da dependência com o delito cometido. Além disso, puderam concluir o projeto com estratégias concretas de enfrentamento das principais situações de risco elencadas por eles mesmos, algumas dessas estratégias apresentadas pelos profissionais como por exemplo, técnicas para alívio da ansiedade e outras construídas por eles mesmos, durante os encontros. Por fim, ressaltaram que ter profissionais dispostas a ouvi-los e sentir que existem pessoas que realmente acreditam na sua recuperação faz muita diferença. Todos demonstraram-se motivados em prosseguir a partir de uma nova perspectiva em suas vidas”, relata Ana Leticia de França.

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