Após enchentes, Defensoria realiza visita à comunidade do Parolin 24/02/2022 - 19:06

O Núcleo da Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR) pretende questionar a prefeitura de Curitiba sobre a paralisação das obras de macrodrenagem no rio Vila Guaíra e no Córrego do Curtume, que passam também pela região do bairro Parolin.
O Coordenador do Núcleo, Defensor Público Antonio Vitor Barbosa de Almeida, participou de uma reunião com lideranças locais no Parolin, na manhã da última quarta-feira (23/02), onde discutiu a situação de cerca de 150 famílias da região que foram atingidas pelas fortes chuvas em 31 de dezembro de 2021 e nos dias 5 e 15 de janeiro deste ano.
Segundo o defensor, as chuvas provocaram enchentes na comunidade, danificando casas e pertences das pessoas que foram atingidas, causando sofrimento e consequências graves nas famílias até hoje.
“Percorremos a extensão do rio e verificamos que as obras estão paralisadas há muito tempo, sendo certo que as chuvas não são fenômenos desconhecidos por parte do Poder Público, tendo em vista a tecnologia meteorológica com que se conta hoje. É grave a situação e esperamos que a parceria da Defensoria com a comunidade, juntamente com os movimentos sociais locais e parceiros, possa tensionar positivamente a gestão local para obtenção de respostas e soluções”, afirmou.
Almeida pretende enviar um ofício à Secretaria Municipal de Obras Públicas para entender o que pode ser feito para acelerar as obras de macrodrenagem do rio Vila Guaíra.
“Por isso, a DPE-PR esteve no local e visitou as obras de macrodrenagem do rio que corta toda a extensão da comunidade e que estão paralisadas sem o devido acompanhamento”, disse o defensor.
Segundo ele, famílias que não foram afetadas diretamente por alagamento, acabaram também sofrendo com as enchentes, ficando ilhadas. “É possível dizer, sim, que todas as famílias, seja de modo direto ou indireto, sofrem com a situação no Parolin”, afirmou.
De acordo com uma das líderes comunitárias no bairro Parolin, a diarista Andreia Soares de Lima, 46 anos, que participou da reunião com o defensor público, muitas famílias perderam camas, fogão, pias, sofás. “A prioridade é ajudar porque também tem gente na fila do Cras (Centro de Referência de Assistência Social) que precisa de colchão, sofá. Eu mesma não consegui nem comprar sofá, e não teve doação. O que tenho na minha sala hoje é um box e um colchão de solteiro”, afirmou Andreia.
Ela conta que, na casa dela, em uma das chuvas de janeiro, o pai dela, de 90 anos, ficou ilhado. Andreia estava trabalhando, mas pediu ajuda e não conseguiu retirá-lo do local rapidamente. Assim que ela chegou em casa, conseguiu ajudá-lo. “Na enchente do dia 15, a água chegou a um metro e meio na minha casa. Já cheguei com a água em cima da cintura”.
Para Andreia, a perda material é uma parte do problema. “Quando fecha o tempo, fica todo mundo com o emocional já atingido. O que a gente está muito cansada também é de ficar ganhando cada vez que perde um colchão, um fogão. O que a gente quer é manter e ter a nossa dignidade de comprar as nossas coisas, e que a enchente não destrua”, contou.
Segundo a moradora do Parolin, o contato com a Defensoria foi muito importante para que os defensores vejam com os próprios olhos o que a comunidade relata. “Espero que ocorram mais reuniões para que a gente consiga solucionar a falta de política pública”, disse.