20 de junho: Dia Mundial da(o) Refugiada(o) 20/06/2020 - 08:00

A data é uma homenagem às pessoas que são forçadas a abandonar suas casas em busca de um futuro mais seguro

Deixar o país de origem para recomeçar a vida em outro continente não é tarefa fácil. Enfrentar outra cultura, outros costumes e outro idioma se torna ainda mais difícil quando essa mudança vem às pressas.

Foi quando o governo permitiu a abertura de caminhos para a chegada de mantimentos à cidade de Aleppo, que Lucia Loxca, seu marido Abed e a família viram uma oportunidade de escapar do ainda atual conflito sírio. Devido à guerra civil que perdura desde 2011, eles decidiram, em dezembro de 2013, que a capital paranaense — localizada a 11.339 quilômetros de distância — seria seu novo lar.

Em Curitiba, apesar da falta de assistência às (aos) refugiadas(os), a família conseguiu regularizar os documentos. Inicialmente, ela se comunicava somente em inglês com colegas e professores da faculdade, onde conseguiu uma oportunidade para continuar o curso de Arquitetura e Urbanismo e foi a primeira refugiada a colar grau. Levou seis meses para aprender português e hoje se comunica facilmente, sem perder um leve sotaque.

Lucia é musicista e, além de integrar um trio — o Alma Síria —, é proprietária de um restaurante tipicamente árabe. Juntamente com a família, dissemina a cultura do país em Curitiba. Ela é amante do pão de queijo curitibano e cita a diversidade cultural como uma das qualidades da cidade. “Você vê muita cultura. Uma família italiana, outra alemã, outra haitiana. Gosto disso”, comenta.

Além da Lucia e a família, até ano passado, outras 79,5 milhões de pessoas precisaram se deslocar por motivo de guerras, conflitos e perseguições, sendo 13,2 milhões só na Síria. Os números, divulgados pela Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), mostram que mais de 1% da população mundial vive nessas condições.

Esses e outros dados evidenciam ainda mais a importância do Dia Mundial da(o) Refugiada(o), celebrado anualmente em 20 de junho. Desde 2001, a data é dedicada à realização de eventos de conscientização e valorização dessas(es) que têm muito a contribuir para o lugar que as(os) acolheu.

A defensora pública coordenadora do Núcleo da Cidadania e Direitos Humanos (NUCIDH), dra. Mariana Gonzaga Amorim, comenta que, como sociedade, “a primeira medida a ser tomada é a compreensão de que os refugiados buscam o país como abrigo como única saída para situações extremas, sendo dever do Estado acolhê-los” e ressalta que xenofobia é crime. Ela esclarece, ainda, que toda criança refugiada tem direito à educação, e que todas(os) as(os) estrangeiras(os) abrigadas(os) em solo nacional têm direito a trabalhar e usufruir de direitos básicos.

A Defensoria Pública do Estado do Paraná atende a população refugiada na coleta de informações e procedendo com os devidos encaminhamentos em âmbito judicial e extrajudicial em todas as áreas. Segundo a dra. Mariana, as principais demandas recebidas pela Instituição são relatos de situações de violências sofridas, seja por parte de indivíduos ou do poder público.

#LegendaAcessível: Na imagem, temos uma foto aérea com centenas de pessoas em um barco em movimento no meio do oceano. Na parte inferior, o dia “20 de junho” com a frase “Dia Mundial do Refugiado” em destaque. O brasão da DPE-PR está disposto no canto direito.

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