NUDEM e NUCIDH recebem documento sobre Monitoramento de Assassinatos e Violação de Direitos Humanos de Pessoas Trans no Brasil 19/02/2019 - 14:50

No dia onze (11) de fevereiro de 2019, a diretora do “Transgrupo Marcela Prado”, Sra. Karollyne Nascimento, esteve na sede de Curitiba da DPPR, para entregar ao NUDEM e ao NUCIDH o documento “Diálogos Sobre Viver Trans - Monitoramento de Assassinatos e Violação de Direitos Humanos de Pessoas Trans no Brasil”.
As coordenadoras do Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher e do Núcleo da Cidadania e Direitos Humanos, Dra. Eliana Tavares Paes Lopes e Dra. Cinthia Azevedo Santos, respectivamente, receberam o documento em nome da DPPR.
Trata-se de um dossiê elaborado em 2018 pela Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil, em que foram catalogadas as mortes de pessoas trans de forma violenta. A Rede, desde 2011, é filiada à Redlactrans, organização na América Latina e Caribe, na temática de travestis e transexuais. Atualmente, são 72 entidades associadas, que fazem monitoramento e controle das políticas públicas e casos de LGBTfobia em suas localidades, nos 26 estados e DF.
A presidente da Rede, Sra. Tathiane Aquino de Araújo, ressalta no documento que a violência social é uma realidade na vida das pessoas trans desde a infância. Portanto, deve-se possuir um novo olhar para essas pessoas, negligenciadas nas escolas, em torturas cotidianas, e que se não se suicidam, engrossam estatísticas de evasão, por não suportarem espaços coletivos que não permitem que existam como são desde cedo. Já durante a vida adulta, muitos assassinatos acontecem, mas as vítimas não são identificadas como deveriam ser. Pelo contrário, os meios de comunicação e órgãos de segurança pública normalmente as expõem como meros corpos estirados nas esquinas e perpetuam estigmas.
Foram apresentados dados de homicídios motivados por ódio a pessoas trans, com números retratados por regiões brasileiras, estados e cidades, identidade de gênero das vítimas, idade, recorte raça/cor, profissão, locais e causas das mortes. A intenção do documento foi de fornecer dados diante da ausência de políticas públicas no país.
Na reunião, a presidente do Transgrupo destacou, ainda, que o intuito de entrega do documento aos núcleos é de tentar construir, como um primeiro passo junto às instituições de segurança pública - principalmente o IML - a conscientização da necessidade de correta identificação das pessoas trans que sofrem violências e mortes. Muitas pessoas são classificadas com o gênero incorreto, dificultando muitas vezes sua localização por familiares, além de ser clara ofensa ao direito à identidade de gênero.