“Função de homem?”: No Dia Internacional de Luta das Mulheres, conheça servidoras que atuam nos departamentos de infraestrutura e financeiro da DPE-PR 08/03/2024 - 13:41

No Dia Internacional de Luta das Mulheres de 2024, nos propomos a refletir sobre o fato de que ainda é muito presente em nossa sociedade a ideia de que existem funções que devem ser exercidas por homens e funções que devem ser exercidas por mulheres. Mas em muitos cenários já não é assim – como na Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR). Conversamos com três mulheres que trabalham – e até supervisionam – departamentos que, muitas vezes, são estereotipadas como funções “masculinas”. 

O Departamento de Infraestrutura e Materiais (DIM) é o responsável por toda a movimentação estrutural das sedes da Defensoria Pública. É ele que controla os suprimentos da instituição, através da gestão do almoxarifado, gerencia a frota de veículos – toda ela dirigida por homens –, zela pelo patrimônio material, móvel e imóvel, e faz a aquisição de passagens para as viagens de toda a equipe da instituição, além de outras atividades. 

Já o Departamento Financeiro (DFI) é responsável pelos registros contábeis e financeiros da folha de pagamento da DPE-PR, pelo pagamento de todos os contratos que a Defensoria possui junto a empresas prestadoras de serviço e fornecedoras de materiais, pagamento e análise de prestação de contas das viagens corporativas realizadas pelas(os) integrantes da instituição, entrega mensal de declarações fiscais obrigatórias para a Receita Federal, prestações de contas junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), entre outras atividades que envolvem os recursos financeiros da DPE-PR.

Confira abaixo as experiências de três mulheres que, diariamente, enfrentam os desafios de trabalhar nestes departamentos que são essenciais para que a Defensoria Pública cumpra o seu papel de levar acesso à Justiça à população paranaense!

 

Imagem que mostra a servidora Jeniffer dos Santos em frente à sede administrativa da Defensoria Pública. Ela sorri para câmera, está com os cabelos soltos e uma blusa de mangas longas, de renda, em tons terrosos. Ela está com uma das mãos na cintura.

‘Jogo de cintura’ para lidar com algumas situações

A analista com função de Secretária Executiva Jeniffer dos Santos trabalha há nove anos na DPE-PR, todos eles no Departamento de Infraestrutura e Materiais (DIM), do qual é supervisora desde fevereiro de 2019. No trabalho do dia a dia, a equipe precisa lidar com os mais variados públicos, desde diretores e coordenadores de Penitenciárias e de Tribunais, passando por líderes municipais e estaduais e fornecedores das empresas contratadas para prestar serviços à instituição.

“E sim, é um ambiente onde existem mulheres, porém, em sua maioria, ele é predominantemente masculino, então é necessário ter ‘jogo de cintura’ e se adaptar para lidar com algumas situações que vivenciamos no ambiente externo e também interno, principalmente porque o ser mulher parece às vezes anular a credibilidade e competência da pessoa. Por isso, a adaptação, a cordialidade e saber lidar com essas situações se tornaram ferramentas fundamentais na minha caminhada dentro do DIM”, resume a supervisora.

Ela ainda avalia que assumir a supervisão do Departamento foi um grande desafio desde o começo e que, “talvez”, suas ideias e proposições seriam mais bem aceitas e menos contestadas se ela não fosse mulher, mas avalia com bons olhos o ambiente atual. 

“Dentro do setor sempre fui muito bem recebida e respeitada enquanto supervisora, mesmo sendo mulher. Creio que a empatia e saber escutar e dialogar são pontos muito importantes para que não só o meu setor, mas toda a Defensoria possa ser um ambiente mais respeitoso para as mulheres”.

 

Uma experiência de bons e maus momentos

Em quase 10 anos de Defensoria, a analista Rosemeri Aparecida e Silva já exerceu sua função como secretária executiva em diversos setores da instituição: na Subdefensoria Pública-Geral, na Coordenadoria de Planejamento (CDP), na Corregedoria-Geral (CGE) e no gabinete da Defensoria Pública-Geral (DPG), onde era responsável também por secretariar as reuniões do Conselho Superior da DPE-PR. Em fevereiro de 2020, chegou ao Departamento de Infraestrutura e Materiais (DIM), onde, atualmente, é responsável pela Gestão de Viagens da DPE-PR.

Segundo ela, ao longo de sua trajetória, conviveu com diferentes tipos de pessoas e, na maioria das vezes, foi tratada de maneira civilizada e educada, “não por ser mulher, mas por ser colega”. 

“Posso dizer que passei por momentos bons tanto no trabalho como na convivência com colegas e superiores, porém também passei por momentos ruins. O fato de eu ser mulher pode ter influenciado muito a maneira como fui tratada por algumas pessoas. Caso eu fosse um homem, provavelmente o tratamento teria sido diferente”, avalia a secretária. 

Imagem que mostra a servidora Rosemeri Aparecida e Silva em frente à sede administrativa da Defensoria. Ela usa uma jaqueta branca sobre uma blusa preta com detalhe branco. Está de óculos, cabelos soltos e sorri para a foto.
Imagem que mostra a servidora Nayala da Silva Souza em frente à sede administrativa da DPE-PR. Ela está com os braços cruzados, cabelos soltos e usa uma regata verde. Ela sorri para a foto.

“Nunca recebi um tratamento desrespeitoso por ser mulher”

A analista com função de contadora da DPE-PR Nayala da Silva Souza chegou à instituição no final do ano de 2018 e desde então trabalha no Departamento Financeiro (DFI), do qual se tornou supervisora no início de fevereiro deste ano. Para ela, os desafios enfrentados estão mais ligados ao fato da expansão da DPE-PR nos últimos anos ter aumentado o volume de trabalho no setor do que ao fato de ser uma mulher em posição de liderança no Departamento Financeiro.

 “Nunca recebi um tratamento desrespeitoso por ser mulher. Enfrentei muitos desafios, mas não penso que os desafios seriam mais fáceis ou difíceis se essa posição fosse ocupada por um homem. Acredito que uma posição de chefia e liderança requer responsabilidade, comprometimento e o ‘vestir a camisa’ para superar tempos difíceis”.

 

 

Mulheres são maioria na DPE-PR

A supervisora também destaca que desde o início de seu trabalho na instituição, o Departamento Financeiro sempre foi composto, em sua maioria, por mulheres. Atualmente são cinco servidoras, uma estagiária e apenas um servidor. O mesmo acontece no Departamento de Infraestrutura e Material, onde estão lotadas seis servidoras, quatro servidores, uma estagiária e um estagiário. 

Em números totais, a Defensoria Pública do Estado do Paraná conta com 729 mulheres e 306 homens, entre defensoras(es), servidoras(es) e estagiárias(os). Em cargos de chefia, coordenação e supervisão são 25 mulheres: 

13 defensoras Coordenadoras de sede/área

1 defensora Chefa de gabinete

1 defensora Coordenadora de Núcleo

1 defensora Coordenadora de Planejamento

2 defensoras Coordenadoras de Assessoria Especial

1 1ª Subdefensora Pública Geral

2 servidoras Supervisoras de Departamento

1 servidora Coordenadora de Comunicação

1 Ouvidora-Geral

1 servidora Agente de Controle Interno

1 servidora Coordenadora Jurídica

 

“Dizer que determinada função é ‘de homem’ – o que normalmente acontece quando se refere a atividades de poder ou destaque – é afirmar que a mulher não reúne as características necessárias para exercê-las pelo simples fato de serem mulheres. E o Dia Internacional das Mulheres é uma data importante para que a gente reflita sobre a importância de lutarmos juntas, cuidando umas das outras, com sororidade, para conseguirmos chegar nos espaços que hoje não são ocupados pelas mulheres, pois, afinal, não há mais espaço para o patriarcado, nem na Defensoria, nem em qualquer lugar”, afirma a 1ª Subdefensora Pública Geral da DPE-PR, Olenka Lins e Silva Martins.