“Defensoria na Rua” garante acesso à justiça para a comunidade do assentamento Eli Vive 22/09/2025 - 13:13

O caminho de terra vermelha, cercado pela vegetação seca sob o sol forte do último sábado (20), já anunciava: chegar ao assentamento Eli Vive, na zona rural de Londrina, é um desafio. Mas foi ali, no pátio arborizado e junto aos muros coloridos da Escola Municipal do Campo Trabalho e Saber, que a comunidade encontrou um atalho para a cidadania. O local se tornou, por um dia, um posto avançado da Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE-PR), que levou o projeto “Defensoria na Rua” para atender quem mais precisa, onde mais precisa.

Ao todo, foram realizados 21 atendimentos, que incluíram desde orientações sobre direitos até o início de procedimentos para retificação de documentos. Para muitos dos que passaram pelo local, esta foi a primeira oportunidade de resolver pendências judiciais sem a necessidade de se deslocar até o centro da cidade, uma barreira para grande parte da comunidade.

A defensora pública Renata Tsukada ressaltou a importância da ação para além dos números. “Não tivemos muitos atendimentos na área de Família, foram mais orientações jurídicas e retificação de registro. Mas, mais uma vez, a descentralização do atendimento foi muito importante para divulgar os serviços da Defensoria à população que reside nas zonas rurais e fortalecer os vínculos com a rede municipal”, afirmou.

 

Parceria fundamental para o acesso a direitos

A ação foi resultado de uma articulação com a rede de assistência do município. Para a coordenadora do CRAS Rural, a assistente social Mileni Alves Secon, a parceria é o que viabiliza o atendimento a quem mais precisa. “A Defensoria se colocou de forma muito aberta para atender a população rural, que vive a mais de 50 quilômetros da zona urbana. Isso é muito significante para que essas famílias possam acessar o direito à documentação e outras orientações", afirma.

Ela ainda reforça que a colaboração é contínua. “A Defensoria é uma instituição que defendemos, valorizamos e com a qual já estamos pleiteando novas parcerias em outros distritos rurais. Que seja uma proposta que permaneça”, completou.

O trabalho também só foi possível graças à cessão do espaço da Escola Municipal do Campo Trabalho e Saber, dirigida por José Carlos de Jesus Lisboa, que deu todo o apoio logístico para a realização do mutirão.

 

Acesso à justiça na prática

Leila Luzniewski, moradora do assentamento desde 2010, precisava regularizar a averbação de seu divórcio e comemorou a oportunidade de ser atendida perto de casa. “Foi muito bom ter esse atendimento aqui, porque é muito longe para ir até a Defensoria. Ter que pegar o ônibus é bem mais complicado, e aqui foi rapidinho. Fui bem atendida desde a triagem”, contou. Ela, que soube da ação pelos grupos de WhatsApp da comunidade, resolverá a pendência sem precisar de um novo deslocamento. “Eles vão me mandar uma nova certidão pelo WhatsApp. Graças a Deus, deu tudo certo”.

A necessidade de regularizar documentos também levou Ideliris Ferreira a procurar o mutirão junto de sua família, como a sogra Roseli Helena da Silva. Para ela, além da distância, a ação representou uma economia fundamental. "Precisávamos arrumar a documentação, mas através de cartório teríamos que pagar, e ia se tornar caro para nós", explicou. "Aqui, fomos muito bem atendidos, o pessoal dá muita atenção, explica tudo. Resolvemos o que viemos atrás e já nos orientaram que vão mandar os documentos pelo WhatsApp", finalizou.

 

GALERIA DE IMAGENS